João Pessoa, 23 de maio de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Moradores de municípios afetados pela seca no Nordeste se encheram de esperança com a chegada da chuva, que, segundo registros pluviométricos, cai desde a última segunda-feira (21) em várias regiões de pelo menos sete Estados nordestinos.
Segundo informações do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas, foram registradas chuvas em Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
A previsão da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba é de mais chuvas em diversas regiões do Estado. Até para o Sertão e Alto Sertão, onde a seca castiga a maioria dos municípios paraibanos, poderá haver chuvas isoladas. Em 24 horas na Grande João Pessoa choveu 67,8 milímetros. A média equivalente para todo mês de maio é de 282,5 milímetros.
Em alguns casos, como do município de Luís Gomes, no extremo oeste do sertão do Rio Grande do Norte, a chuva nos últimos dias atingiu 38 milímetros (equivalente a 38 litros por m²) e foi o suficiente para animar os agricultores, que já começaram a preparar a terra para o plantio de feijão e milho.
Mas a alegria do sertanejo pode durar pouco, já que as precipitações foram consideradas isoladas e não devem permanecer nos próximos dias. “O período chuvoso no sertão –de fevereiro a maio— já acabou. O que ocorreu no semiárido foram chuvas isoladas, não resolvem o problema da seca hídrica, que já está confirmada. Ela não pode ser revertida, só ter os efeitos mitigados”, disse o coordenador do Lapis, Humberto Barbosa.
“Não tem como, este ano, recuperar o armazenamento hídrico nos açudes. O que vão ocorrer agora são as chuvas no litoral. Em junho, julho e agosto teremos perturbações que vêm da África, que podem afetar o litoral”, informou Barbosa.
Segundo o professor, as condições climáticas do oceano Atlântico estão ajudando a cair chuva na região, visto os alagamento registrados em capitais como Salvador e Natal.
“A ocorrência de chuvas isoladas foi associada principalmente à instabilidade gerada pela passagem de uma frente fria na região sul do Estado da Bahia. Além disso, nota-se o aquecimento das temperaturas da superfície do mar (acima de 26 graus) sobre o litoral, que por sua vez intensifica a quantidade de umidade sobre esta região, favorecendo a formação de nuvens e precipitação”, disse.
Emergência
O número de municípios que decretaram situação de emergência por conta da seca que castiga o Nordeste continua crescendo. Com os novos decretos publicados esta semana, a região passou a ter mais da metade das cidades nos nove Estados reconhecidamente atingidas pela estiagem prolongada. Na Paraíba já são mais de 70% das cidades em estado de Emergência.
Segundo levantamento realizado pelo UOL com as defesas civis estaduais, até a terça-feira (22), 907 dos 1.794 municípios nordestinos já tinham confirmado o estado de emergência, o que representa 50,5% do total de cidades. O número ainda pode crescer, já que alguns Estados ainda estão recebendo decretos das prefeituras.
Contudo, segundo o meteorologista e coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Humberto Barbosa, a mensuração exata do tamanho da seca não é possível de ser realizada.
Ele diz que há uma série de fatores e dados que têm de ser levados em conta. Além disso, a estiagem registrada este ano ainda não teve seu ciclo encerrado. Governos estaduais citam que é a pior estiagem em ao menos 30 anos.
Um documento enviado nesta terça-feira (22) aos governadores e à presidente Dilma Rousseff, elaborado pela ASA (Articulação do Semiárido) –que reúne cerca de 750 entidades do sertão nordestino–, diz que o momento enfrentado pelo Nordeste é “extremamente grave” e que a estiagem deverá se prolongar até 2013.
“Desde o ano passado não chove o suficiente para acumular água nas cisternas para consumo da família e para a produção. O quadro atual é grave! Há que se priorizar o socorro imediato às famílias que estão sem água, mas há a mesma urgência em investir em ações estruturantes para que essas famílias possam enfrentar os períodos de longa estiagem, cíclicos e previsíveis, sem passar fome ou sede”, alega a ASA, cobrando ações de convivência do sertanejo com a estiagem e políticas públicas que minimizem os tradicionais ganhos da “indústria da seca”.
MaisPB com Uol
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